Editorial

Por que somos um Setor Desunido?

            O setor de Sinalização Viária Horizontal e Vertical sofre, a muito tempo, de um grande mal – a falta de atitude das empresas e órgãos que orbitam nesse universo importante e fundamental nicho da engenharia viária brasileira – por pura e simples falta de organização.

            Simples? Aparentemente sim, no entanto, o buraco é mais embaixo – e não é do buraco na pista que estamos falando. Como um setor que capta boa parte dos recursos destinados as obras de engenharia rodoviária, até hoje, 2011, nunca conseguiu se organizar de forma correta e condizente com padrões de trabalhos voltados e focados na melhoria do setor na economia brasileira? A resposta... Bom, talvez ele seja mais complexa e rodeada de vaidade do que parece.

            Até, 2011, não existe notícias sobre uma pro - atividade dos donos das empresas de Sinalização Viária Horizontal, Vertical, engenharia e seus desdobramentos para uma unificação do setor por novas e modernas práticas de gestão frente a um negócio que no total abarca, anualmente, alguns muitos bilhões de reais. Alguns fatores logístico (o que não deixa de ser uma terrível contradição neste caso) afetam diretamente tal iniciativa, afinal, estamos em um país com dimensões continentais – e é exatamente por isso que essa contradição beira o ridículo – já que um país que têm mais de 8 milhões de quilômetros e uma das maiores malhas rodoviárias do planeta teoricamente deveria congregar todos de maneira confortável e satisfatória no âmbito: práticas de negócios; e não tornar-se palco de disputas pessoais vergonhosas!

            Na realidade, o que vemos a cada dia, são mais aventureiros abrindo e fechando empresas, contaminando o setor, ofertando material de péssima qualidade – o que coloca a vida dos usuários em risco - licitações mal especificadas, e antigos executivos e técnicos de pensamento e atitudes obsoletas em plena Década da Infraestrutura (2010-2020) com ações e visão que eram colocadas em voga nos anos 70.

            Existem ainda alguns poucos profissionais e executivos que estão à frente de determinadas companhias que prestam de maneira direta ou indireta serviço ao erário público, e que se negam – por alguma razão – a sentarem-se em uma mesa buscando a organização do segmento e a modernização ética de uma área estratégica para o avanço da federação a novos e antes desejados patamares de ordem mundial.

            As poucas iniciativas que existem são muitas vezes esvaziadas por interesses próprios e as inovações esbarram na burocracia morosa de entidades a muito questionadas.
            Em uma área que cresce a cada dia e que tende a ser cada vez mais o gatilho dos avanços (estradas) e modernização de todas as regiões brasileiras; estes crescimentos são tão acentuados e chamam tanto as atenções que empresas multinacionais, ou aportam em nosso país, ou abrem novas unidades de negócios em suas instalações aqui já presentes, para atender a demanda brasileira – como as americanas 3M e Avery Dennison, que rivalizam e dominam o mercado de fornecimento de tecnologias para Sinalização Vertical.

            Mas e os prestadores de serviços? E as empresas que fornecem mão de obra e serviços as prefeituras e órgãos do país? Neste caso, a falta de união é ainda maior; a comprovação mais evidente fica pela ausência de qualificação, capacitação técnica e acadêmica cada vez mais acentuada dos profissionais que atuam diretamente nas intervenções e obras realizadas – o popular trecho.

            Um curso – especifico para área – até hoje nunca foi efetivado. As iniciativas estão quase sempre destinadas ao Engenheiro responsável pelo serviço e param por ai. Algumas empresas realizam congressos, simpósios, encontros e outras ações, mas que também, em sua grande maioria, limita-se a receber o público já antes privilegiado por uma faculdade.

Realizando ações como essas temos os eventos realizados por empresas como: Hot Line Tintas, Marangoni, Indutil, 3M, Avery e só – no entanto - todas elas baseadas no estado de São Paulo; e fora deste eixo como fica o setor?

Os próprios DER’s também organizam encontros, porém fechado a seus funcionários, na maioria, os engenheiros – o DNIT disponibiliza uma grade interessante, mas também fechada a seus técnicos.

Toda essa falta de estrutura é conseqüência direta e real de uma só ação. A falta de interesse do setor em se organizar de maneira eficiente e pró-ativa.

Não dá para esperar que sejamos em um ano um setor tão organizado e unido como o bancário, ou tão ético e eficiente em precificação de produtos e serviço como o setor automotivo, nem mesmo tão rápido em prover a sociedade de respostas e ações como o aéreo; mas a cada dia – sem agirmos e sem nos unirmos – ficamos mais atrasados, mais ultrapassados e obviamente mais frágeis a entrada de empresas e capital estrangeiro, abrindo margem para que na Década da Infraestrutura, por pura falta de união e por vaidade exagerada, o lucro dos avanços acabem beneficiando empresas na Europa e Estados Unidos e nós, nosso setor e profissionais, ficando cada vez mais ultrapassados.

Não podemos nos limitar a encontros técnicos a cada dois meses no CB-16 da ABNT (que já é um passo), no entanto, vazio, no que tange a organização empresarial – já que por lá, técnicos e alguns empresários resistem à morosidade das tomadas de decisões; precisamos, na verdade, de uma entidade de classe – atuante, forte, que organize o setor em números, capacitação, regras, fornecedores, metodologias, força política, e que transforme números jogados ao vento pelos órgãos de todas as esferas - seja ela municipal, estadual ou federal - em obras verdadeiras e benefícios reais ao setor, e conseqüentemente a população usuária das rodovias, estradas e vias do país.

Por este BLOG conclamo: empresas de Sinalização Viária Horizontal e Vertical, fabricantes e produtores, aplicadores e consultores, laboratórios e autarquias.

UNIÃO! POR UMA ORGANIZAÇÃO EFECIENTE BENÉFICA A TODOS.